Coisa que todo carioca faz...

10/08/2014

       
"Carioca exagera tudo, pra baixo e pra cima. (Exagero mesmo, afinal aqui tudo é melhor e maior do mundo, mesmo não sendo). Se falar que é perigoso, ele não nega, diz que é “perigoso pra caralho”. Trata sua cidade como filho, só ele pode falar mal. Cariocas não marcam encontro, simplesmente se encontram. A confirmação de um convite aqui não quer dizer nada. Você sugere “Vamos?”, eles dizem “Vamo!”, o que não implica em ter aceitado a sugestão. Hora marcada no Rio é “por volta de”. Domingo é domingo. "E relaxa irmão, pra que a pressa?" Em 5 minutos são amigos de infância, no segundo encontro te abraçam e já te colocam apelidos (Afinal, temos amigos em qualquer lugar). Não te levam pra casa, te convidam pra rua. É curioso, mas é que a “rua” aqui é tão linda que se trancar em casa é desperdício (Olhe só onde moramos? Depois somos considerados marrentos). Cariocas andam de chinelo e não se julgam por isso. São livres, desprovidos de qualquer senso de sofisticação. Ao contrário, parecem se sentir mal num ambiente formal e de algum requinte. “Porra” e "Olha só" é um termo que abre toda e qualquer frase na cidade.

          Cariocas são pouco competitivos. Eu acho isso maravilhoso, afinal, venho da terra mais competitiva do país. E confesso: competir o tempo todo, cansa. Acho graça quando eles defendem o clube rival, pelo mero orgulho de dizer que “o futebol do Rio” vai bem. Eles nem notam, mas às vezes se protegem. Eles amam essa porra. É impressionante. Carioca é o povo mais brasileiro que há, mas que é tão orgulhoso do que é, que nem parece brasileiro. Tem um sorriso gostoso, um ar arrogante de quem “se garante” (Damos inveja nos "não cariocas" pelo fato de sermos cariocas e ainda nos indignamos e soltamos um "fala sério"). Papudos, malandros, invocados. Faaaaalam pra cacete. E sabem que estão exagerando. Eles acham que sabem o que é frio. Imagine, fazem fondue com 20 graus?!? A Barra é longe. Búzios, logo ali! Niterói é um pedaço do Rio que eles não contam pra turista, só eles aproveitam. Nilópolis é longe. Bangu também. Madureira é um bairro gostoso. O Leblon vale os 22 mil por metro quadrado sugeridos pelos corretores. Aliás, corretores no Rio são bem irritantes. Carioca, num geral, acha que está te fazendo um favor, mesmo se estiver trabalhando. É tudo absolutamente pessoal, informal. Se ele gostar de ti, te atende bem. Se não, não. Tá com pressa? Vai se irritar. Eles não têm pressa pra nada. Sabe aquela garota gostosa que sabe que é gostosa? Cariocas sabem onde moram. O bairrismo deles é único. Nem separatista, nem coitadinho. Apenas orgulhoso. Ao invés de odiar um estado vizinho, o sacaneiam e se matam de rir de quem se ofende.
          Cariocas têm vocação pra ser feliz. São tradicionais, não gostam que o mundo evolua. Um novo prédio no lugar daquele casarão antigo não é visto como progresso, mas sim com saudades. São folgados. Juram ser o povo mais sortudo do mundo. E quem vai dizer que não? No Rio, você vira até mais religioso. Aquele Cristo olha você todo santo dia, de braços abertos. Não dá! Você começa a gostar do cara… E aí vem a sexta-feira e o dom de mudar o ambiente, sem mexer em nada. O Rio que trabalha vira uma cidade de férias. As roupas somem, aparecem os sorrisos à toa, o sol, o futebol, o samba, o Rio. (…) Chamam o garçom pelo nome, os colegas de “irmão”. Sorria, abrace-os quando encontrar. Aceite o convite, mesmo que você não vá. Faça planos para amanhã, esqueça-os dez minutos depois. Faça amigos, o máximo de amigos que conseguir. Quanto mais amigos, mais cerveja, mais risadas, mais churrascos, mais carioca você fica. E quanto mais carioca você é, mais você ama o Rio. Como eles. Gosto deles. Gosto de olhar pra frente e não ver onde acaba. Gosto de sol, de abraço, de rir muito alto e de não me achar um merda por estar sem grana. Gosto de como eles se viram. Gosto da simplicidade e da informalidade que os aproxima do amadorismo. A vida não tem que ser profissional. Tem que ser gostosa. E de gostosa, convenhamos, o Rio tá cheio. Ops! Desculpa, amor! Escapou.” - Autor Desconhecido                                              

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